quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Redação Escolar: Criar - Samir Meserani

Este livro, indicado para professores do segundo grau, é sobre  criatividade e redação escolar.

Professor Samir, em 1994, abriu cursos e ministrou aulas para pequenos grupos interessados em Redação Criativa.

Estavam presentes - professores, jornalistas, assessores de imprensa, profissionais de agência de publicidade e, eu também, aventurei-me na área, em busca de descobertas. Era livre a participação, para quem amasse leitura e escrita.

Professor Samir, durante décadas, professor da Puc-SP, deixou saudades. Fazia comentários em voz alta para o grupo sobre o trabalho de cada um de nós e,  com delicadeza, corrigia e sugeria, sem ferir ninguém. Era um prazer imenso ir para a aula com meus rascunhos, ouvir as redações dos demais e ler meus textos.

Vários amigos e amigas leram o que eu escrevi na época. Alguns ficaram com meus textos. Eu, mergulhava numa página, refazia e reescrevia, tentava encontrar o melhor nome, a melhor saída para meus personagens. Um acontecimento externo observado, se me agradava, era incorporado para um dos personagens, visto que era imaginação e não relatório técnico.

Desenvolvi, naquela época, um texto que eu tinha a pretensão de publicar e tornar material para-didático "Alice no País das Empresas"  mix de situações, conciliando conhecimentos  e conceitos, aprendizados na área empresarial, focando serviços a clientes e atendimento ao consumidor. 

Eu lia livros sobre administração de empresas e pensava em sinergia com criatividade.

Algumas características ficam marcantes nas várias categorias profissionais, em função do trabalho, da mesma ocupação ao longo de anos.  

Consegui,  com a supervisão do Professor Samir, fazer várias minutas de "Alice" em que uma personagem hipotética vai para dentro de empresa hipotética, atraída por propagandas e encontra diversos tipos de profissionais, em vários setores, interagindo com o produto, serviço e a propaganda.  Woody Allen tem um filme em que a expectadora interage com os personagens e "entra na tela" -  "A Rosa Púrpura do Cairo" em que uma mulher mergulha nas telas do cinema para esquecer dos problemas reais.

A meta era estar entre profissionais conscientes que trabalham  e procuram fazer produtos com qualidade e oferecer serviços de acordo com a expectativa gerada e as propagandas divulgadas - eficiência, confiança, preço, qualidade, praticidade, adequação ao consumidor e ao uso etc 


Alice relaciona-se de maneira distinta com os vários profissionais, entusiasmada,  iludida, impulsiva, carente,  poderosa, indecisa, criativa, persistente e cheia de esperanças em identificar pessoas que a aceitem e façam uma equipe envolvida em qualidade, sinergia, amizade etc.


Ao final do aprendizado de Alice, naquele determinado setor,  eu tentava apresentar resumo das atividades do setor, colocando os ítens das tarefas e a visão da trajetória.  Não era fácil.

Era um mix de material lúdico e didático, e redigi as minutas no primeiro semestre de 1994. Fiz chegar a algumas pessoas cópias digitadas.


Pedi para pessoas, alheias ao grupo, lerem e darem sua opinião mas, por cautela e dificuldade em conciliar as mensagens  importantes, aquele material ficou no rascunho,  páginas digitadas à espera de condução final da abordagem.  Não dei  andamento e não tive estímulos para publicar. Sei todos para quem enviei.

Sem que eu pedisse ou esperasse, mandaram-me fax dizendo que enviariam cópias daquele material para pessoas que não sei se eram do governo, e eu não conhecia, para que opinassem.

Fiquei perplexa com a facilidade da apropriação do meu rascunho, material de estudo em sala de aula, em elaboração. Eu queria leituras e críticas e devolutivas sobre o estilo mas parei de mostrar para outras pessoas.

Quando um conteúdo é confiado a outras pessoas, fica difícil controlar seu destino.

Um profissional articulado no mercado e universidades .... com influência, mostrou-se realmente problemático em muitos aspectos, inclusive atribuindo a mim, num prefácio de livro, uma frase inexistente nesse rascunho de "Alice" .

Comuniquei, por escrito, ao autor do livro, que a frase não me pertencia, além de ser inadequada e sem sentido no prefácio daquele seu livro. Finalizei este problema me manifestando e discordando do prefácio com citação que não havia no material.

Da minha parte e, lembrando-me das intenções dos meus rascunhos sobre Alice, eu buscava uma solução integradora e libertadora, uma solução de competência e compromisso entre as pessoas. 

Voltando ao livro do Professor Samir Meserani: em seu Prefácio ele escreve: "Em 1971, quando ainda se insinuava o que se convencionou chamar de "a crise da linguagem", professores de Comunicação e Expressão da rede pública paulista, reunidos pela Secretaria de Educação do Estado de S.Paulo, indicaram redação escolar como o objeto de maior problema dentro de sua disciplina. Convidaram-me, então, a falar sobre isso: numa palestra que intitulei de " O medo em trinta linhas", mostrava que o próprio sistema escolar é que amedronta e inibe o aprendiz de textos..... Editar livros que se pretendem criativos é mais difícil ainda."

"Depois das trevas faz-se a luz, dizem os discursos míticos. Assim, em 1989, a Atual Editora, resolvida a lançar livros didáticos qualitativos, voltou-se para o ensino da redação escolar. Não era sem tempo... Além das fases de fluência, de estímulo e de criação, traz instruções sobre a comunicação ou leitura de textos e indica critérios de avaliação. ... A redação, de tal modo, não é escrita para o professor, mas para todo um grupo (a classe), no qual o professor é um dos leitores, o tecnicamente mais preparado. "

Hoje, não temos mais a presença do Professor Samir, mas seu livro é um material reconhecido, para quem gosta de se manifestar e comunicar pela linguagem escrita. 
Maria Lucia Zulzke, em 11 de fevereiro de 2010, às 8:00 am, em S.Paulo - SP - Brasil.

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