Eduardo Giannetti dedicou esse seu livro para sua mãe, poeta e psicanalista.
Ele começa o livro, na primeira linha - "A natureza submete tudo o que vive ao jugo de duas exigências fatais: manter-se vivo e reproduzir a vida. Nada escapa. Do protozoário unicelular ao autodesignado Homo sapiens".
Se a psicanalista Yone e seu filho Eduardo Giannetti me desculparem pela ousadia da interpretação da dedicatória, talvez, seja a síntese do livro - qual ser humano mais amaria, incondicionalmente? E, o autor, não querendo cometer um auto-engano, dedicou seu livro à sua mãe. Porque, eu creio, antes dele (Eduardo Giannetti) existir, sua mãe já o amava, o desejava e o esperava!
Não existe, na minha experiência de vida, investimento mais aleatório, de maior entrega, de maior confiança na vida, de maior risco de retorno, do que conceber e amar, "no escuro", num ato da mais pura fé na vida, o ser que ainda será gerado e virá pela maternidade!
Este livro e outros do Eduardo Giannetti, eu adoro, de paixão!
Pergunto-me como é possível ser profissional, professor, cientista, mestre, educador, ter responsabilidade sobre outras pessoas, influenciar a vida e definir o destino de milhões de
pessoas, cidadãos e cidadãs sem refletir os conteúdos deste livro? !
Deveria ser um livro para vestibulares, grupos de estudos, nas empresas, nos exames de defesas de teses, para cientistas, pesquisadores, para políticos ou quem se pretende representar grupos ou comunidades da população.
Meu exemplar está muito sublinhado e fico confusa em como selecionar o que gostaria de ressaltar.
O melhor é reler, inteiro, e isso devo fazer hoje e nos próximos dias, porque nesse processo de sobrevivência e competição, disputando recursos escassos, pois estou numa faixa de idade definida como do declínio da vida, eu preciso furiosamente me auto-enganar para continuar vivendo.
"Ele agirá impelido pela intensidade de suas carências, de um lado, e limitado pelo seu leque de comportamentos e pelas ameaças e obstáculos com que se depara, de outro."
pg 60 - "A sorte, sem dúvida, não é tudo. Talento, inteligência e força de vontade contam muito."
"O prodigioso Golias - um guerreiro gigantesco com armadura de bronze, capacete, escudo e lança terríveis - desafia para um combate a dois qualquer nobre ou soldado do exército israelita. Ninguém ousa: o moral das tropas desaba. Aparece um menino chamado Davi e aceita o desafio de enfrentar o terrível Golias. Todos duvidam e caçoam, mas ninguém o impede. Armado com cinco pedrinhas redondas, uma funda(versão primitiva do bodoque) e a fé inocente de que Deus está a seu lado, o menino Davi acerta a cabeça do gigante filisteu logo na primeira tentativa - não haveria outra! e derruba-o morto ao solo. O exército israelita recobra o ânimo, retoma a iniciativa e vence o inimigo (Samuel 1, 17).
pg 61 " Os erros do ser humano tornam-no digno de amor. O maior erro de todos seria jamais errar."
pg 81 - " Não há nada externo à nossa mente que corresponda às nossas expectativas subjetivas do que se passa nela. Nosso mundo não cabe no mundo."
pg 85 - " O mundo vivido por dentro, pertence a outro mundo. "
vivências internas -" ou seja, processos mentais que, por estarem ainda mais afastados de qualquer tipo de existência independente da experiência de quem os têm, nem sequer se prestam a uma hipotética projeção visual do que vai pela mente. A concepção científica de objetividade, em suma, condena o investigador a uma postura cognitiva que faz do objeto do conhecimento uma superfície vazia de experiência e destituída de subjetividade. Não há nada de errado com isso, é claro, até onde já se chegou e pode chegar. O problema é que o mundo em que vivemos - o mundo vivido por dentro - pertence a outro mundo."
pg 95 - " O relato expressivo feito por Montaigne a partir de sua própria experiência - Se falo de mim de diversas maneiras é porque me olho de diferentes modos. Todas as contradições em mim se deparam, no fundo como na forma. Envergonhado, insolente, casto, libidinoso, tagarela, taciturno, trabalhador, requintado, engenhoso, tolo, aborrecido, complacente, mentiroso, sincero, sábio, ignorante, liberal, avarento, pródigo, assim me vejo de acordo com cada mudança que se opera em mim. E quem quer que se estude atentamente reconhecerá igualmente em si, e até em seu julgamento, essa mesma volubilidade, essa mesma discordância. Não posso aplicar a mim mesmo um juízo completo, simples, sólido, sem confusão nem mistura, nem o exprimir com uma só palavra." Nada é igual a nada. O colorido é particular, mas o problema enfrentado por Montaigne é universal. O autoconhecer modifica o conhecido....
pg 97 " Ao ouvirmos uma voz gravada, por exemplo, qualquer que ela seja, a eletricidade conduzida pela pele aumenta. Ao ouvirmos nossa própria voz gravada...."
Um bom domingo. Dia de 27 de setembro de 2009, ensolarado, brilhante, chegará talvez a 30 graus celsius, o céu está azul em S.Paulo - SP - Brasil, além de andar um pouco no parque, ficarei horas na ótima companhia deste livro. 8:40 am.
domingo, 27 de setembro de 2009
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