O livro desse antropólogo, já falecido, foi escrito na década de 60 e é relativamente pequeno. Não sei se foi editado em português.
Eu fiquei muito bem impressionada por suas análises sobre a necessidade de distância ou de aproximação que os seres humanos precisam ter, entre si, pessoalmente, de acordo com a situação - distâncias críticas, distâncias íntimas, distâncias sociais, distâncias pessoais e públicas, aproximações de confronto, a influência do olfato, visão e audição nas percepções etc. O tom de voz e o comportamento dos gêneros - falar alto ou sussurrar, usar voz normal ou falar muito rápido.
A intromissão na vida alheia, é entendida como sinal de inferioridade social para certos povos.
É um quebra-cabeça e tanto! Por exemplo, falar baixo pode ser entendido como sinal de educação mas pode despertar suspeitas de conspiração para outros.
As culturas diferentes também interferem nas formas de distribuição dos espaços e, um mesmo recurso pode ser administrado de forma diferente, de acordo com as necessidades de isolamento ou de compartilhamento de um indivíduo, regido pela cultura.
Ex: adolescentes gostam de ter as portas fechadas de seus quartos para ouvir música e conversar ao telefone etc. É um sinal óbvio de necessidade de privacidade.
Percebemos o elevado individualismo atual e eu deduzo que isso seria uma contra- partida, uma tentativa de proteger-se do excesso de globalização, de massificação, de pasteurização de comportamentos, contra o excesso de informação e imagens sobre outros países, do excesso de exposição de vidas e cenários que pouco tem a ver com a nossa realidade do dia-a-dia.
Percepção do mundo - o mundo pode ser percebido pelo tato, pelas sensações físicas ou pelas distâncias cobertas pela visão, ouvidos, nariz, estudos etc.
Com a imensa presença da televisão e da mídia na vida das pessoas, "empurrando" para dentro de nossos mundos, realidades que não nos dizem nada sobre as nossas experiências pessoais ou necessidades conjunturais, esse livro é um apoio valioso.
Pois, a cada meia hora ou a cada dia frente à mídia, não "damos conta" de alterar nossos filtros internos e nosso mundo interior, para atender imposições voláteis e tendências exageradas do mundo externo!
por Maria Lucia Zulzke, em 31 de agosto de 2009, ao meio-dia, em S.Paulo - SP - Brasil
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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