terça-feira, 6 de outubro de 2009
"O Homem que calculava" - Malba Tahan - ed. Saraiva
"A pérola de Lilavati" - ano 508 - 1014 da era cristã
Sobre uma moça, cuja vida era definida por uma única chance.... realizar um casamento!
capitulo XVIII - Lilavati - "Baskara tinha uma filha chamada Lilavati. Quando essa menina nasceu, consultou ele as estrelas e verificou, pela disposição dos astros, que sua filha, condenada a permanecer solteira toda a vida, ficaria esquecida pelo amor dos jovens patrícios.
Não se conformou Baskara com essa determinação do destino e recorreu aos ensinamentos dos astrólogos mais famosos do tempo. Como fazer para que a graciosa Lilavati pudesse obter marido, sendo feliz no casamento?
Um astrólogo, consultado por Baskara, aconselhou-o a casar Lilavati com o primeiro pretendente que aparecesse, mas demonstrou que a única hora propícia para a cerimônia do enlace seria marcada, em certo dia, pelo cilindro do Tempo.
Os hindus mediam, calculavam e determinavam as horas do dia com auxilio de um cilindro colocado num vaso cheio dágua. Esse cilindro, aberto apenas em cima, apresentava pequeno oríficio no centro da superfície da base.
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Lilavati, foi, afinal, com agradável surpresa para seu pai, pedida em casamento por um jovem rico e de boa casta. Fixado o dia e marcada hora reuniram-se os amigos para assistir à cerimônia. Baskara colocou o cilindro das horas e aguardou que a água chegasse ao final marcado. A noiva, levada por irreprimível curiosidade, verdadeiramente feminina, quis observar a subida da água no cilindro.
Aproximou-se para acompanhar a determinação do Tempo.
Uma das pérolas de seu vestido desprendeu-se e caiu no interior do vaso. Por uma fatalidade a pérola levada pela água foi obstruir o pequeno orifício, impedindo que nele pudesse entrar a água do vaso. O noivo e os convidados esperaram com paciência largo período de tempo. Passou-se a hora propícia sem que o cilindro indicasse o tempo como previra o sábio astrólogo. O noivo e os convidados retiraram-se...
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O jovem brâmane, que pedira Lilavati em casamento, desapareceu semanas depois e a filha de Baskara ficou para sempre solteira.
Reconheceu o sábio geômetra que é inútil lutar contra o Destino e disse à sua filha:
- Escreverei um livro que perpetuará o teu nome e ficarás na lembrança dos homens mais do que viveriam os filhos que viessem a nascer do teu malogrado casamento.
A obra de Baskara tornou-se célebre e o nome de sua filha surge imortal na História da Matemática.
"Nem a adição, nem a subtração, por maiores que sejam, fazem sofrer perda ou acréscimo à quantidade chamada quociente por zero".
(tantas maneiras de interpretar a moral dessa história: se a felicidade de uma mulher ficar restrita ao amor de um homem, como durante séculos e, sendo os homens volúveis, inconstantes e chegados a namoricos ao longo da vida, e sabendo que, alguns homens só amadurecem depois de 50 ou 60 anos, outros jamais amadurecem .... nem toda a água do mundo seria suficiente para fazer essa mulher feliz se for usar o Cilindro do Tempo para ver a hora exata para se casar! Principalmente porque o cilindro foi danificado.
Existem várias formas de amor na vida: amor à arte, à literatura, aos amigos, ao mar, à Roma, à música, à Paris, aos filhos mesmo sem acontecer um casamento, aos estudos, à sinceridade, ao trabalho e até à matemática... )
É muita determinação do destino mas parece que assim é.
por Maria Lucia Zulzke, em 06 de outubro de 2009, às 10:12 am, em São Paulo - SP - Brasil
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