edição de 1991, editora Siciliano
Houve um tempo em que o autor e eu, sua esposa Bell, seus filhos pequenos e minhas filhas adolescentes conseguíamos sentar sob o mesmo guarda-sol na praia e brincávamos, na década de 90, que era o maior percentual de "ex ombudsman", por metro quadrado, nas praias do Guarujá... 1994 ou 1995.
O livro de Caio Túlio Costa, (meu exemplar é da Ed Siciliano), foto acima, é muito significativo pois relata a experiência do primeiro "Ombudsman" da imprensa brasileira e é obrigatório para quem trabalha com Ouvidoria, em empresas públicas e privadas. Proveniente de um universo articulado de poder, o Quarto Poder, a Mídia, a Imprensa.
Esse seu livro revela, sem eufemismos, sem "pisar em ovos", o montante de tensões, atritos, conflitos, interesses e posicionamentos durante seu período de trabalho no jornal Folha de S.Paulo - entre 1989 a 1991.
Ele relata casos, entra em detalhes das tratativas e demandas dos leitores, comparou com serviços de outros jornais, pode "dar nome aos bois" e, poderíamos até concluir que, a existência da entidade como a ONO - organização de "Ombudsmen" de imprensa, com sede nos USA, permite uma referência para o profissional em sua primeira experiência num jornal.
Riscos sempre existem porém, podem ser melhor calculados e conduzidos, com o respaldo de experiências institucionalizadas.
ler na página 33 - "ombudsmen", em sintonia com seus sentimentos: "mal tratados, incompreendidos, isolados e vulneráveis".
pg 32 - Sobre a necessidade de alguma bondade do profissional, alguma ingenuidade, no bom sentido. (e eu, Maria Lucia Zulzke, com a experiência que tive durante quase 6 anos, numa empresa química,dentro da Gerência de Comunicação Social, com uma proposta ampla e inédita, creio que não reproduzida, depois dos quase 6 anos, diria que é pela presença desses sentimentos de bondade e/ou ingenuidade, e não os de malícia ou esperteza, que profissionais podem vir a ser, realmente, abusados interna e externamente. Clientes e consumidores podem ser cruéis ao testarem uma informação muito específica, criarem "situações" para o profissional, daí a necessidade de apoio institucional. )
Caio Túlio Costa teve sua carreira construída em jornalismo, a coerência de uma trajetória que não permite dizer que tenha precisado "mudar" de lado, mesmo quando foi defender os interesses dos leitores como "Ombudsman".
Ele pode trabalhar como jornalista, colunista, professor de jornalismo, diretor de redação, editor de redação e correspondente. Ele pode ser pleno em sua carreira e continua atuando pleno com seus conhecimentos aperfeiçoados. Sua biografia é pública e aberta.
Trabalhar em jornalismo no Brasil, significa também trabalhar para um seleto, poderoso e aclamado grupo de famílias que controlam a quase totalidade das informações, como ele menciona numa das páginas do livro: Globo - os Marinho, Record - Macedo, SBT - Silvio Santos (Abravanel), Ed. Abril - Roberto Civita, Folha de S.Paulo - Frias, Estado de S.Paulo - os Mesquita, Bandeirantes - Saad e, assim por diante. Se a mídia se amplia para provedores de internet é mais um negócio na "holding" dos empresários da comunicação.
Muita competência e muito talento são os diferenciais dos profissionais de sucesso!
E Caio Túlio bem lembra em seu livro, a faixa etária dos profissionais da Folha de S.Paulo na década de 80, média de 28 anos de idade. pg 161
pg 33 - A faixa etária de "ombudsmen", porém, é mais alta, superior a 45 anos e alguns com até 65 anos." (comentários meus: Vera Giangrande, relações públicas, a "Ombudsman" do Consumidor do Grupo Pão de Acúcar, contratada em 1993 para essa função, tinha cerca de 62 anos. Faleceu, trabalhando, aos 69 anos.)
pg 160 - "Erra quem tem pressa" e a Folha de São Paulo tem pressa, muita pressa em se mostrar em permanente revolução editorial" - (abençoado mundo no qual podemos admitir os eventuais erros! Críticas a manchetes, críticas à precisão dos dados, folhas impressas! ) Em 1984, o jornal tinha uma circulação anual de 81 milhões de exemplares e em 1990 alcançou 120 milhões de exemplares, a maior circulação paga de jornal no país. pg 158
Caio Túlio Costa relata atritos com outros articulistas. pg 127
Na imprensa as notícias são expostas, os estilos ficam expostos, as crenças expostas, como o capítulo sobre Paulo Francis! Quantas lembranças para quem acompanhava a ambos.
Caio Túlio Costa relata os limites do finito, diz nome e data dos leitores que fizeram contato pg 63.
E, também, Caio Túlio Costa, quebra chavões e, na pg 59, diz textualmente, " Nem sempre o leitor tem razão. Nem é porque ele reclamou que ganha o direito de defesa... Ele representa o leitor, isso sim, mas as causas precisam ser corretas e ter relevância jornalística."
A responsabilidade de um "Ombudsman" é grande, com a exposição às vezes incomodando colegas e ninguém irá garantir um corpo jurídico respeitável para acompanhar os desdobramentos da vida de um "Ombudsman" .
Atender 100 pessoas por dia? responder a 15 questionamentos diários? Telefonemas? Emails? A parte tática, operacional, logística é a esperada e a menos traumática.
Os atritos, "os resquícios de ódios pessoais", as inimizades "conquistadas", as engraçadas "brincadeiras e pegadinhas" e os juros "futuros" que os profissionais poderão ter que pagar... nunca se sabe.
Neste Carnaval de 2010, o livro que me acompanha é o "Relógio de Pascal" para que pulsem de bons fluídos e de amizades, as minhas estantes de madeira, com excelentes livros de excelentes autores.
Maria Lucia Zulzke, em 15 de fevereiro de 2010, às 12:20 hs, em S.Paulo - SP - Brasil.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
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